sábado, 17 de dezembro de 2011

Belo Monte e o blablablá “ecoglobista”



Sem opinião formada sobre a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, nós (que nos achamos “críticos”) promoveríamos um debate sobre o tema, simplesmente expondo os “prós e contras” da questão – se é que alguém realmente visite este blog para ajudar a promovê-lo.

Entretanto, o que mais se encontra quando se procura por “Belo Monte” na internet, por exemplo, é um vídeo (ridículo) dos artistas “globabacas”, tentando se autopromover como defensores do meio ambiente. O pior de tudo é que eles mal sabem o que estão defendendo. Percebe-se, ao longo do vídeo, apelações como “vamos produzir energia limpa, como a eólica ou a solar”, e que “a construção vai inundar o Parque do Xingu” (!).



Como resposta a esses vídeos, estudantes, blogueiros e outras personalidades – como Rafinha Bastos – criticaram duramente a iniciativa dos artistas globais, produzindo textos e vídeos-resposta para satirizar o conhecimento “pleno” deles sobre o tema.

Bem, fomos obrigados a pesquisar essas afirmações "ecoglobistas"...

Para produzir energia eólica que igualasse à eficácia de Belo Monte, seriam necessárias 3.700 torres... Quanto da floresta precisaria ser desmatado para que se colocassem essas torres em circulação? Seria fonte de energia mais limpa? Não parece.

50 milhões de placas de energia solar seriam o necessário para se alcançar o que produziria a usina hidrelétrica. Perguntamos: a relação custo-benefício seria positiva? Quanto da floresta precisaria ser desmatado para a colocação dessas placas? Definitivamente, não parece ser mais limpa.

Além dessas duas hipóteses acima serem mais caras (em Belo Monte, 1 MWh custaria pouco mais de R$ 20, enquanto que a energia de uma usina eólica custaria R$ 100 e a de uma usina solar, R$ 200), a Floresta Amazônica perderia, no local em que fossem construídas as tais usinas de energia limpa propostas pelos “ecoglobistas”, as características de uma floresta, com tantas torres de energia eólica ou placas de energia solar, não é verdade? Ademais, outros danos ambientais também ocorreriam, já que estamos falando em quase 4.000 torres de energia eólica ou 50 milhões de placas de energia solar – teria-se que desmatar espaço suficiente para inseri-las na floresta (ou não, é tudo num passe de mágica?).

Sobre a inundação, o Parque Nacional do Xingu fica a mais de 1.300 km ao sul de onde a usina será construída. Será mesmo que corre o risco de o parque ser inundado pela construção? Acho que, nesse ponto, os globais confundiram a pororoca nortista com um tsunami asiático de dimensões catastróficas no seio da Floresta Amazônica.

O maior problema que haveria na construção seria a realocação das pessoas que por lá vivem, que são os índios e as demais populações ribeirinhas. Ao que parece, um dos pontos principais do projeto é a devida realocação dessas pessoas. Mas, será que vai mesmo funcionar? Será que devemos mesmo confiar nas defeituosas políticas sociais implementadas pelo governo para assistir essa população? Será que essas pessoas serão realocadas de maneira salutar, de modo que terão poucos decréscimos em sua condição de vida? Enfim, será que isso vai funcionar?

Ao que tudo indica, não. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos já pediu explicações (conforme o próprio site do órgão informa: http://www.cidh.oas.org/medidas/2011.port.htm) ao governo brasileiro sobre medidas sociais e ambientais não cumpridas para a realização da obra, já que causarão diversos impactos sociais e ambientais às populações ali existentes. Por essa razão, uma medida cautelar foi outorgada pelo órgão para o impedimento de qualquer obra até que se cumpram as determinações solicitadas, em favor dos povos que ali residem, para a construção da usina.

Conforme dissemos, não temos opinião formada sobre o tema (AINDA!).

Entretanto, se realmente formos nos basear pelos vídeos produzidos pelos “ecoatores” da Globo, pelo vídeo dos estudantes da Unicamp e pelo vídeo do Rafinha Bastos, fica fácil nos posicionarmos sobre o assunto. O placar é de 2 a 1, com 90% de posse de bola no ataque para os estudantes e para o Rafinha.

Aliás, quem nos garante que esse lobby globista não quer nos manipular, assim como os antecedentes históricos da Globo de escolha de presidente, de envolvimento com a ditadura militar etc., manipularam a opinião pública em favor da emissora?

Fica a dúvida sobre a construção da usina de Belo Monte, mas nenhuma dúvida sobre o “conhecimento” ecológico dos artistas “ecoglobistas” e sua credibilidade.

Vídeo dos alunos da Unicamp:
http://www.youtube.com/watch?v=gVC_Y9drhGo&feature=endscreen&NR=1

Vídeo do Rafinha Bastos:
http://www.youtube.com/watch?v=Cyu5x_cSzH4

Vídeo dos ecoglobistas (será que receberam cachê?):
http://www.youtube.com/watch?v=TWWwfL66MPs

3 comentários:

  1. Nesse imbrólio todo, se agente fosse só se basear no que o vídeo dos globabacas falam a opinião que ia prevalecer era a de que a usina seria apenas prejudicial pro país.

    vamos então analisar os pontos:

    Energia elétrica é suja?
    até onde eu sei, energia suja é aquela que advem da queima de combustíveis fósseis como o petróleo e o gaz natural, e pelo que eu sei, a energia elétrica não é oriunda desse processo portanto existe um erro conceitual nessa afirmação!

    Impactos ambientais
    acho que os impactos ambientais pra gerar essa quantidade de energia, são os menores possiveis quando é uma hidrelétrica que gera essa energia

    Não tem problemas então?
    Não é bem assim também, o problema maior (e provavelmente o único ponto correto do vídeo dos globabacas) é a situação dos ribeirinhos, indios ou não, que são sempre "empurrados" cada vez mais pros cantos do país em nome do desenvolvimento, isso verdadeiramente é um problema!

    Resumo da ópera, já não assistia novela mesmo, e depois dessas babaquices eu vou assistir menos ainda, e em relação à usina, acho que é um mal necessário!

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  2. O vídeo dos globais serviu somente para elevar o debate sobre Belo Monte.

    O vídeo foi tão ruim que gerou desconfiança e fez o ativismo favorável da usina emergir.

    Eu acabei aderindo totalmente a Belo Monte por conta da reflexão sobre o conteúdo e interesses do vídeo, depois de já ter sido a favor de usinas de bagaço de cana, micro-hidrelétrica e outras fontes alternativas.

    No vídeo há muita informação errada, apelações em demasia, pornografia senhoril, argumentos toscos (como de construir hidrelétrica em deserto e de afetar os índios do Xingu) e interesses ocultos que se revelam na escolha dos artistas de uma única emissora.

    Cabe a nós divulgar o máximo possível a informação de qualidade, a favor e contra.

    Gostei das expressões "ecoglobistas" e "globabacas". Apesar de exageradas, são bem adequadas.

    Até.

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  3. A discussão é absolutamente válida, hoje acho que sou a favor da construção da usina de Belo Monte, mas há quem seja contra e tenha motivos pláusiveis para embasar sua opinião! É assim que se forma uma opinião amadurecida sobre qualquer tema.

    O que eu não acho concebível, é uma discussão de baixo nível como a que foi promovida pelo vídeo dos artistas da rede globo.

    Só queria saber qual o interessa dela (globo) para fomentar o debate.

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